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Cristais Paulista, São Paulo, Brazil
Se olhares em mim verás... não sou tão má quanto pensas; apenas não sou tão corajosa como imaginas... pareço forte mais no fundo sou fraca fera porém sou bela as vezes chata mais no meu íntimo há sentimentos diversos pareço metida porém se olhares em meu semblante com seu coração verás apenas humildade calma sempre... posso até parecer solitária ... é que realmente tenho poucos amigos... a diferença é que os poucos que tenho não valem metade de um seu ... pense nisso depois me julgue lembre-se que se me julga pela aparência... sou apenas o reflexo de sua ignorância Clarice Lispector

sexta-feira, 24 de abril de 2009

Estágios de desenvolvimento - Piaget

Um conceito essencial da epistemologia genética é o egocentrismo, que explica o caráter mágico e pré-lógico do raciocínio infantil. A maturação do pensamento rumo ao domínio da lógica consiste num abandono gradual do egocentrismo. Com isso se adquire a noção de responsabilidade individual, indispensável para a autonomia moral da criança.
Segundo Piaget, há quatro estágios básicos do desenvolvimento cognitivo. O primeiro é o estágio sensório-motor, que vai até os 2 anos. É a fase que as crianças adquirem a capacidade de administrar seus reflexos básicos para que gerem ações prazerosas ou vantajosas, ou sejam elas começam a lidar o mundo, entender o espaço em que vivem, percebem os objetos, brinquedos e desenvolve a suas primeiras palavras.
O estágio pré-operacional vai dos 2 aos 7 anos e se caracteriza pelo surgimento da capacidade de dominar a linguagem e a representação do mundo por meio de símbolos. É a idade que a criança começa a ser alfabetizada, a ter curiosidade em descobrir o mundo que vive. Esta fase também é conhecida como a fase dos por quês. Porém nesta faixa etária a criança continua egocêntrica e ainda não é capaz, moralmente, de se colocar no lugar de outra pessoa.
O estágio das operações concretas, dos 7 aos 11 ou 12 anos, tem como marca a aquisição da noção de reversibilidade das ações. Surge a lógica nos processos mentais e a habilidade de discriminar os objetos por similaridades e diferenças. A criança já pode dominar conceitos de tempo e número.
Por volta dos 12 anos começa o estágio das operações formais. Essa fase marca a entrada na idade adulta, em termos cognitivos. O adolescente passa a ter o domínio do pensamento lógico e dedutivo, o que o habilita à experimentação mental. Isso implica, entre outras coisas, relacionar conceitos abstratos e raciocinar sobre hipóteses. Em outras palavras o adolescente já tem noção de certo e errado, já podendo ser responsabilizado por suas ações, pois já tem o conhecido e o superego desenvolvido. Porém não podemos deixar de lembrar que todos só podem ter a noção de certo e errado do que lhe foi ensinado e mostrado através de suas experiências anteriores, tanto na família, sociedade e escola.

Violência Escolar

Gostaria de lembrar e citar o filme Escritores da liberdade sobre o assunto da violência escolar, já que o filme trata disso. Para quem não conhece o filme aqui está à resenha e vale a pena assistir:
“O filme "Escritores da Liberdade" (Freedom Writers, EUA, 2007) aborda, de uma forma comovente e instigante, o desafio da educação em um contexto social problemático e violento. Tal filme se inicia com uma jovem professora, Erin (interpretada por Hilary Swank), que entra como novata em uma instituição de "ensino médio", a fim de lecionar Língua Inglesa e Literatura para uma turma de adolescentes considerados "turbulentos", inclusive envolvidos com gangues.
Ao perceber os grandes problemas enfrentados por tais estudantes, a professora Erin resolve adotar novos métodos de ensino, ainda que sem a concordância da diretora do colégio. Para isso, a educadora entregou aos seus alunos um caderno para que escrevessem, diariamente, sobre aspectos de suas próprias vidas, desde conflitos internos até problemas familiares. Ademais, a professora indicou a leitura de diferentes obras sobre episódios cruciais da humanidade, como o célebre livro "O Diário de Anne Frank", com o objetivo de que os alunos percebessem a necessidade de tolerância mútua, sem a qual muitas barbáries ocorreram e ainda podem se perpetrar.
Com o passar do tempo, os alunos vão se engajando em seus escritos nos diários e, trocando experiências de vida, passam a conviver de forma mais tolerante, superando entraves em suas próprias rotinas. Assim, eles reuniram seus diários em um livro, que foi publicado nos Estados Unidos em 1999, após uma série de dificuldades. É claro que projetos inovadores como esse, em se tratando de estabelecimentos de ensino com poucos recursos, enfrentam diversos obstáculos, desde a burocracia até a resistência aos novos paradigmas pedagógicos. Em países como o Brasil, então, as dificuldades são imensas, mas superáveis, se houver engajamento e esforços próprios.
Nesse sentido, o filme "Escritores da Liberdade" merece ser visto como apreço, sobretudo pela sua ênfase no papel da educação como mecanismo de transformações individuais e comunitárias. Com essas considerações, vê-se que a educação, como já ressaltaram grandes educadores da estirpe de Paulo Freire, tem um papel indispensável no implemento de novas realidades sociais, a partir da conscientização de cada ser humano como artífice de possíveis avanços em sua própria vida e, principalmente, em sua comunidade. “
Eu particularmente amei o filme e como a professora contornou e transformou o problema da violência em sua sala de aula. Vejo com esse exemplo que podemos sim mudar a realidade dos alunos e aprender muito com eles se estivermos dispostos á isso quanto professores.
Temos que entender a realidade dos alunos e compreender o que motiva a agir com violência para tentarmos mudar isso. Pois é muito fácil ignorar ou chamar a policia toda vez que tem briga na escola, ou simplesmente mandar o aluno para a diretoria por causa de indisciplina durante a aula, mas sem pensar no que fazer para transformar esses atos violentos em atos de curiosidade e interesse em aprender.

Sem Palavras...

No Brooklyn, Nova Iorque, Chush é uma escola que se dedica
ao ensino de crianças especiais. Algumas crianças ali permanecem
por toda a vida escolar, enquanto outras podem ser encaminhadas para uma escola comum.
Num jantar de beneficiência de Chush, o pai de uma criança fez um discurso que nunca mais seria esquecido pelos que ali estavam presentes. Depois de elogiar a escola e seu dedicado pessoal, perguntou:
'Onde está a perfeição no meu filho Pedro, se tudo o que DEUS faz é feito com perfeição?
Meu filho não pode entender as coisas como outras crianças entendem.
Meu filho não se pode lembrar de factos e números como as outras crianças.
Então, onde está a perfeição de Deus?'
Todos ficaram chocados com a pergunta e com o sofrimento daquele pai, mas ele continuou:
'Acredito que quando Deus traz uma criança especial ao mundo, a perfeição que Ele busca está no modo como as pessoas reagem diante desta criança.'
Então ele contou a seguinte história sobre o seu filho Pedro:
Uma tarde, Pedro e eu caminhávamos pelo parque onde alguns meninos que o conheciam, estavam jogando beisebol.
Pedro perguntou-me:
- Pai, você acha que eles me deixariam jogar?
Eu sabia das limitações do meu filho e que a maioria dos meninos não o queria na equipe. Mas entendi que se Pedro pudesse jogar com eles, isto lhe daria uma confortável sensação de participação..
Aproximei-me de um dos meninos no campo e perguntei-lhe se Pedro poderia jogar.
O menino deu uma olhada ao redor, buscando a aprovação de seus companheiros de equipe e mesmo não conseguindo nenhuma aprovação, ele assumiu a responsabilidade e disse:
- Nós estamos perdendo por seis rodadas e o jogo está na oitava. Acho que ele pode entrar na nossa equipe e tentaremos colocá-lo para bater até à nona rodada .

Fiquei admirado quando Pedro abriu um grande sorriso ao ouvir a resposta do menino.
Pediram então que ele calçasse a luva e fosse para o campo jogar.
No final da oitava rodada, a equipe de Pedro marcou alguns pontos, mas ainda estava perdendo por três. No final da nona rodada, a equipe de Pedro marcou novamente e agora com dois fora e as bases com potencial para a rodada decisiva, Pedro foi escalado para continuar.
Uma questão, porém, veio à minha mente: a equipe deixaria Pedro, de facto, rebater nesta circunstância e deixar fora à possibilidade de ganhar o jogo?
Surpreendentemente, foi dado o bastão a Pedro. Todo o mundo sabia que isto seria quase impossível, porque ele nem mesmo sabia segurar o bastão.
Porém, quando Pedro tomou posição, o lançador se moveu alguns passos para arremessar a bola de maneira que Pedro pudesse ao menos rebater.
Foi feito o primeiro arremesso e Pedro balançou desajeitadamente e perdeu.
Um dos companheiros da equipe de Pedro foi até ele e juntos seguraram o bastão e encararam o lançador.
O lançador deu novamente alguns passos para lançar a bola suavemente para Pedro.
Quando veio o lance, Pedro e o seu companheiro da equipa balançaram o bastão e juntos rebateram a lenta bola do lançador.
O lançador apanhou a suave bola e poderia tê-la lançado facilmente ao primeiro homem da base, Pedro estaria fora e isso teria terminado o jogo.
Ao invés disso, o lançador pegou a bola e lançou-a numa curva, longa e alta para o campo, distante do alcance do primeiro homem da base.
Então todo o mundo começou a gritar: Pedro corre para a primeira base, corre para a primeira. Nunca na sua vida ele tinha corrido... mas saiu disparado para a linha de base, com os olhos arregalados e assustado.
Até que ele alcançasse a primeira base, o jogador da direita teve a posse da bola. Ele poderia ter lançado a bola ao segundo homem da base, o que colocaria Pedro fora de jogo, pois ele ainda estava correndo.
Mas o jogador entendeu quais eram as intenções do lançador, assim, lançou a bola alta e distante, acima da cabeça do terceiro homem da base.
Todo o mundo gritou: Corre para a segunda, Pedro, corre para a segunda base.
Pedro correu para a segunda base, enquanto os jogadores à frente dele circulavam deliberadamente para a base principal.
Quando Pedro alcançou a segunda base, a curta parada adversária colocou-o na direcção de terceira base e todos gritaram: Corre para a terceira.
Ambas as equipes correram atrás dele gritando: Pedro, corre para a base principal.
Pedro correu para a base principal, pisou nela e todos os 18 meninos o ergueram nos ombros fazendo dele o herói, como se ele tivesse vencido o campeonato e ganho o jogo para a equipe dele.'
'Naquele dia,' disse o pai, com lágrimas caindo sobre a face, aqueles 18 meninos alcançaram a Perfeição de Deus. Eu nunca tinha visto um sorriso tão lindo no rosto do meu filho!'
O fato é verdadeiro e ao mesmo tempo causa-nos tanta estranheza!

A amizade e a solidariedade sempre serão um instrumento do bem.
Precisamos colocá-las em prática e assim consiguiremos mudar um pouco esse mundo em que vivemos!
Sejamos mais humanos!!!!!!

Desabafo de um professor...

Carta aberta à futura Secretária de Educação do Rio de Janeiro, Cláudia Costin por Declev Dib-Ferreira > em Brasil - país dos absurdos, Desabafo, Educação, Opinião, Política, Reflexões

Prezada Cláudia,

Sou funcionário do município do Rio, professor de Ciências.
Tenho este cargo por mérito próprio, por passar em um concurso, há quase 5 anos - não tenho cargo por indicação política.
Li uma matéria com uma entrevista sua nO Globo, dia 08 de novembro de 2008, página 18.

Na ocasião, algumas frases e propostas me chamaram a atenção. Tanto pela inocência quanto pela maldade das mesmas. Gostaria de, mui respeitosamente, discutir alguns pontos.

Vejamos…

1 - Você diz que pretende "investir na qualificação de professores, que poderão ganhar computadores portáteis". Eu agradeço muito o computador, porque estou precisando, pois o meu pifou. Mas isso, sinceramente, não creio que seja investir na qualificação do professor. Já tive a oportunidade de escrever sobre isso por aqui, quando da mesma compra pelo Estado.
Tenho um amigo que ficará com 5 computadores portáteis em casa e não sabe o que fazer com tantos. Ele e a esposa são professores, ambos do Estado e da prefeitura do Rio. Já tinham um, ambos ganharam do estado e ambos ganharão da prefeitura.
Professores, cara futura secretária, querem salário decente. Com ele podem comprar seus próprios computadores. E muitos já o fizeram, pois o preço baixou bastante. Eu mesmo ia comprar um - como eu disse, o meu pifou - mas não vou. Estou esperando ganhar. Mas preferia um bom aumento de salário para comprar o que eu próprio escolhesse e ainda aumentar minha renda.

2 - Você faz uma pergunta: "Por que uma cidade que tem tantos mestres e doutores de qualidade não consegue fazer um Ideb compatível com os de países desenvolvidos?". O Demétrio Weber já respondeu, mas eu insisto em te responder esta pergunta também. E o principal motivo é simples: porque mesmo sendo mestres ou doutores de qualidade, temos que trabalhar em dois, três, quatro ou mesmo em cinco lugares diferentes pra poder somar renda e ter um salário "compatível com os de países desenvolvidos"!!! Sem contar as condições em que trabalhamos, secretária, que nem de longe é "compatível com os de países desenvolvidos". A pergunta seria ao contrário: "por que não tratamos como os países desenvolvidos os nossos tantos mestres e doutores de qualidade?".

3 - Por fim, sua maior pérola, a frase "Quando um aluno é reprovado, é sinal que o professor falhou". Fico muito muito muito apreensivo que uma pessoa que tenha este pensamento venha a coordenar a maior rede municipal da América Latina.
Pra facilitar o entendimento da minha lógica - que pode ser muito profunda pra quem nunca entrou numa sala de aula do ensino fundamental de uma escola encravada numa favela - farei um paralelo com o médico.

Imaginemos uma pessoa que desde que nasce não tem cuidados médicos, não se cuida, não faz exercícios, não se alimenta direito, bebe, fuma, é sedentário, estressado etc. Essa pessoa passa mal e vai ao médico. O médico receita remédios e faz uma série de recomendações dizendo que,
se não seguir, ele pode morrer. O doutor marca uma nova consulta para daqui a alguns meses, para verificar o seu progresso.
A pessoa não fez nada do que o médico receitou e ainda faltou à consulta. Passa mal de novo e vai ao médico. O doutor dá uma bronca, faz as mesmas recomendações, passa as receitas novamente, marca uma nova consulta. O paciente, mais uma vez (ou muitas vezes), não faz o que o médico manda e morre.

O médico falhou?

Pela sua lógica, "quando um paciente morre, é sinal que o médico falhou".

Oras… garanto que neste caso a senhora achará que o culpado é o paciente, já que o médico fez de tudo para salvá-lo…

Será que o professor também não o faz?

Mas vamos examinar o nosso caso. Por partes e desde o início.

a) quando a criança foi concebida, quem falhou foram os pais, que souberam gozar mas não evitar a gravidez;

b) quando a moça estava grávida falharam ela, o pai, a família e o Estado (assistência social, hospitais), que não deram a ela e ao feto um pré-natal decente - ou mesmo nenhum pré-natal;

c) quando ele nasceu e era um bebê cheio de necessidades falharam os pais que colocaram no mundo uma criança sem ter condições mínimas de criá-lo e falhou o Estado (segurança alimentar) em não dar a ele o que necessitava para seu pleno desenvolvimento;

d) quando ele era uma criança falhou o Estado mais uma vez por não oferecer a ele a pré-escola, tão importante no desenvolvimento intelectual e psicomotor nesta idade. Não obstante este ser um direito garantido pela Constituição Federal:

Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de:

IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade;

e) nesta mesma idade e até tornar-se o adolescente ao qual a senhora se refere - aluno do fundamental - falham o Estado, as polícias, os bandidos, os filhinhos de papai, os atores da Globo, os artistas e todos aqueles que usam drogas, ao condená-lo a viver em um local extremamente violento, com disputas entre facções rivais, com invasões desumanas de policiais em suas casas e um cotidiano de estatísticas piores que de guerras;

f) quanto à sua moradia, falham os políticos filhos da puta, o Estado (habitação), o empresários, os especuladores, por fazê-lo viver em submoradia, sem o mínimo de conforto, sem espaço para ele, com uma densidade demográfica japonesa dentro de sua casa;

g) falham os publicitários que mentem para que ele não seja ninguém se não tiver o que ele não pode ter;

h) falham as emissoras de televisão ao entrarem diariamente em contato com ele com imbecilidades que não ajudam em nada seu intelecto;

i) falham os empresários de ônibus que o restringe de andar pela cidade por conta do preço da passagem e do péssimo serviço que oferecem;

j) falham os locais culturais que são inacessíveis a ele (inacessíveis financeiramente ou mesmo barreira-cultural-invisivelmente);

k) falha a sociedade como um todo que o quer longe;

l) falha a estrutura da escola que só o tem em um pequeno período do dia, deixando-o nas ruas no resto das 24h;

m) falha o Corpo de Bombeiros que carrega bandidos carnavalescos desfilando em carro aberto pelas cidades, ao mostrar que quem tem valor é quem tem dinheiro, não importa de onde vem;

n) falham os jornais de grande circulação que estampam nas primeiras páginas, praticamente todos os dias, as fotos e colunas de fofocas de traficantes e outros bandidos - inclusive tenho um O Dia que tem a primeira capa toda falando do casamento de um traficante - glorificando quem é bandido, mostrando a ele que esse é o caminho;

o) falha o Conselho Tutelar ao superproteger mesmo quando fazem merda, nada fazendo e não mostrando que além de direitos também tem obrigações;

p) falham as editoras de revistas que só colocam a preço de quase nada as revistas mais imbecis que existem, com fofocas e coisas do gênero;

Enfim, apesar de a Constituição prever que "A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade" (Art. 205), a senhora vem me dizer que "quando um aluno é reprovado, é sinal que o médico professor falhou"?

Francamente.

É justamente o professor que está lá dentro, cara futura secretária de educação, com o aluno, diariamente, tentando fazer com que ele estude, com que ele dê valor ao estudo, com que ele aprenda!

Veja pelos exemplos abecedários que dei em cima, que o professor é praticamente o único que quer que ele seja alguém pela educação; o professor que dá valor ao estudo; o professor que luta contra toda a merda que a sociedade faz com ele desde antes dele nascer, para que ele se salve.

Veja, prezada futura, o que diz a Constituição Federal:

CAPÍTULO II - DOS DIREITOS SOCIAIS

Art. 6º. São direitos sociais a educação, a saúde, o trabalho, o lazer, a segurança, a previdência social, a proteção à maternidade e à infância, a assistência aos desamparados, na forma desta Constituição.

Quais destes direitos o Estado - do qual você tem íntima relação, a ver pelos cargos que já ocupou - oferece ao aluno - e com qualidade?

Quase nenhum, né?

E você vem me dizer que é o professor que falha, como se só o que fazemos em sala de aula é o que conta, é o que faz um aluno ter sucesso ou não???

Francamente.

Assinado:

Um professor mestre doutorando que tem diversos empregos e mesmo assim luta para que seus alunos possam superar toda a merda que a sociedade faz com eles para que possam ser alguém na vida e que, justamente por se sentir incapaz de fazer isso com o que o Estado lhe oferece, não acredita em reprovação.

sexta-feira, 17 de abril de 2009

Por que as pessoas gritam?

Texto: Gandhi
*Uma ocasião, um pensador indiano fez a seguinte pergunta aos seus
> discípulos:*
>
> *- Por que as pessoas gritam quando estão aborrecidas?
> *
> *- Gritamos porque perdemos a calma, disse um deles.
> *
> *- Mas por que gritar quando a outra pessoa está ao seu lado? Questionou
> novamente o pensador.
> *
> *- Bem, gritamos porque desejamos que a outra pessoa nos ouça, retrucou
> outro discípulo.
> *
> *E o mestre volta a perguntar:
> *
> *- Então não é possível falar-lhe em voz baixa?
> *
> *Várias outras respostas surgiram, mas nenhuma convenceu o pensador. Então
> ele esclareceu:
> *
> *- Você sabe porque se grita com uma pessoa quando se está aborrecido? O
> fato é que, quando duas pessoas estão aborrecidas, seus corações se afastam
> muito. Para cobrir esta distância precisam gritar para poderem escutar-se
> mutuamente. Quanto mais aborrecidas estiverem, mais forte terão que gritar
> para ouvir um ao outro através da grande distância. Por outro lado, o que
> sucede quando duas pessoas estão enamoradas? Elas não gritam. Falam
> suavemente. E por que? Porque seus corações estão muito perto. A distância
> entre elas é pequena. Às vezes estão tão próximos seus corações, que nem
> falam, somente sussurram. E quando o amor é mais intenso, não necessitam
> sequer sussurrar, apenas se olham, e basta. Seus corações se entendem. É
> isso que acontece quando duas pessoas que se amam estão próximas.
> *
> *Por fim, o pensador conclui dizendo:
> *
> *_Quando vocês discutirem, não deixem que seus corações se afastem, não
> digam palavras que os distanciem mais, pois chegará um dia em que a
> distância será tanta que não mais encontrarão o caminho de volta.
" Os que amam ser amor
Não terão o reino dos Céus."

Carlos Drumond de Andrade

Educação do olhar

Texto: Rubem Alves (Pedagogo)
Já li muitos livros sobre psicologia da educação, sociologia da educação, filosofia da educação, didáctica - mas, por mais que me esforce, não consigo me lembrar de qualquer referência à educação do olhar, ou à importância do olhar na educação.

1. Van Gogh tem uma delicada tela que representa esta cena: o pai, jardineiro, interrompeu seu trabalho, está ajoelhado no chão, com os braços estendidos para a criança que chega, conduzida pela mãe. O rosto do pai não pode ser visto. Mas é certo que ele está sorrindo. O rosto-olhar do pai está dizendo para o filhinho: «Eu quero que você ande». É o desejo de que a criança ande, desejo que assume forma sensível no rosto da mãe ou do pai, que incita a criança à aprendizagem dessa coisa que não pode ser ensinada nem por exemplo e nem por palavras.

2. Segundo Nietzsche a primeira tarefa da educação é ensinar a ver. É através dos olhos que as crianças tomam contacto com a beleza e o fascínio do mundo. Os olhos têm de ser educados para que a nossa alegria aumente. As crianças não vêem « a fim de». O seu olhar não tem nenhum objectivo prático. Vêem porque é divertido ver. Alberto Caeiro sabia tudo sobre o olhar das crianças...

3. Educar é mostrar a vida a quem ainda não a viu. O educador diz: «Veja!» - e ao falar, aponta. O aluno olha na direcção apontada e vê o que nunca viu. O seu mundo expande-se. Ele fica mais rico interiormente. E, ficando mais rico interiormente, ele pode sentir mais alegria e dar mais alegria - que é a razão pela qual vivemos.

4. Já li muitos livros sobre psicologia da educação, sociologia da educação, filosofia da educação, didáctica - mas, por mais que me esforce, não consigo me lembrar de qualquer referência à educação do olhar, ou à importância do olhar na educação, em qualquer um deles.

5. «O sentido está guardado no rosto com que te miro» é um verso da poeta brasileira Cecília Meireles. Não te miro com os meus olhos. Te miro com o meu rosto. É o rosto que desvenda o mistério do olhar. O rosto da mãe revela à criança o segredo do seu olhar. E o rosto da criança revela à mãe o segredo do seu olhar. O rosto do professor revela ao aluno o segredo do seu olhar.

6. «O meu lábio zombeteiro faz a lança dele refluir»: dito pela Adélia Prado. Lança? Falo erecto. Mas o lábio zombeteiro a altera. A lança, humilhada, se encolhe, torna-se incapaz do acto do amor. Há uma relação metafórica entre a lança fálica e a inteligência.

7. Como a lança fálica, a inteligência ou se alonga e se levanta confiante para o acto de conhecer ou se encolhe, flácida e impotente. O olhar de um professor tem o poder de fazer a inteligência de uma criança ficar erecta ou flácida... O lábio zombeteiro do professor faz a inteligência do aluno refluir.

8. Eu, menino, tinha grande prazer em ver figuras. Nos tempos da minha infância livros de figura não se encontravam prontos para serem comprados nas livrarias. Eu mesmo fiz um álbum de figuras. Era um caderno grande no qual fui colando figuras de cachorros. Minha mãe não gostava de cachorros. Nunca pude ter um. Tinha inveja dos meninos que tinham. Fazendo o álbum de cachorros eu realizei, de alguma forma, o meu desejo.

9. A criança de olhar vazio e distraído: ela não aprende. Os psicólogos apressam-se em diagnosticar alguma perturbação cognitiva. Mas uma outra hipótese tem de ser levantada: a inteligência dessa criança foi enfeitiçada pelo olhar de um adulto que a intimidou. Uma criança intimidada e humilhada não aprende.

10. «Formatura»: «formar» é colocar na forma, fechar. Um ser humano «formado» é um ser humano fechado, terminado. Educar é abrir, «desformar». Uma festa de «desformatura...»

11. Escrevo sobre educação porque amo as crianças e os jovens, seres ainda abertos, que enfrentam o perigo de serem «fechados». Joseph Knecht, o herói trágico do livro de Hesse O jogo das contas de vidro, no final da vida desejava apenas educar uma criança ainda não deformada pela escola.

12. Educação não é a transmissão de uma soma de conhecimentos. Conhecimentos podem ser mortos e inertes: uma carga que se carrega sem saber sua utilidade e sem que ela dê alegria. Educar é ensinar a pensar, isso é, a brincar com os conhecimentos, da mesma forma como se brinca com uma peteca.

13. Quando o conhecimento é vivo ele se torna parte do nosso corpo: a gente brinca com ele e se sente feliz ao brincar. A educação acontece quando vemos o mundo como um brinquedo para os sentidos e o pensamento, e brincamos com ele como uma criança brinca com a sua bola. O educador é um mostrador de brinquedos...

14. Ensinar é um exercício de imortalidade. De alguma forma continuamos a viver naqueles cujos olhos aprenderam a ver o mundo pela magia da nossa palavra. O professor, assim não morre jamais...